11 de nov. de 2010

LUIS ROBERTO



DEPOIMENTO:

Quando LUIS ROBERTO DE MÚCIO aparece no vídeo, está no ar uma síntese daquilo que todo narrador esportivo deveria ser. A imagem cativante que retrata sua realidade como a grande pessoa que é, a transmissão na medida do que realmente acontece no jogo e o oferecimento compulsivo de uma riqueza de detalhes em cima do que está sendo exibido na tela. É a “escola” Luis Roberto, introduzida por este profissional que se prepara para cada evento como se fosse para a guerra, e felizmente adotada e bastante copiada pelos que estão no começo ou na metade do caminho. Este estilo que ele criou e que inundou a televisão brasileira, vem do seu começo como locutor esportivo no rádio, meio que provoca a necessidade de ser som e imagem ao mesmo tempo. Estilo para entrar para a eternidade da comunicação falada.
Edson Mauro

ENTREVISTA:

Rui: Como é que você começou na área de comunicação e como foi o encaminhamento para a área do esporte?

Luiz Roberto: Foi tudo de uma vez. Eu comecei porque no segundo grau – no meu tempo era colegial, eu nem sei como é hoje, era o primeiro colegial – a gente tinha um comportamento meio revolucionário pra época e tal, achava tudo errado. Enfim, a gente, quer dizer, um grupo de amigos, resolveu participar da eleição do Centro Acadêmico. Nas Faculdades, eram Diretórios Acadêmicos, nos Ensinos Médios, eram Centros Acadêmicos.

Rui: Aqui no Rio mesmo?

Luiz Roberto: Não, no interior de São Paulo. Então, eu fui candidato a presidente do Centro Acadêmico na escola em que eu fazia o ensino médio e a gente ganhou. O nosso grupo ganhou a eleição e, depois de uns dias, a gente tomou conhecimento de que o Centro Acadêmico publicava um jornal que se chamava “Sacívico” já que o símbolo da escola era um saci. A primeira edição deste jornal, depois que a gente ganhou a eleição, foi exatamente na semana que antecedeu aos Jogos Regionais. Em São Paulo, há os Jogos Abertos do Interior e, antes, os Jogos Regionais. E, naquela altura, eles eram eliminatórios. Eram classificatórios para os Jogos Abertos, ou seja, uma espécie de eliminatória para a Copa do Mundo. Nos Jogos Abertos, no Interior de São Paulo, as Olimpíadas Paulistas, que a gente chama lá, eles eram muito fortes. E aí, a escola ia representar a cidade em três modalidades coletivas e eu resolvi escrever sobre as modalidades que a escola ia representar: handebol, voleibol feminino e basquete. E fiz um texto para apresentar, dizendo das condições das equipes da escola e tal. Então foram duas descobertas simultâneas. Eu sempre fui apaixonado por esporte, por futebol especialmente, e nesse caso, pela comunicação. O cara da cidade, que publicava um jornal, achou legal e me chamou pra fazer uma coluna sobre os Jogos Regionais da cidade. Eu meio que repeti a coluna que era uma espécie de apresentação só que mais abrangente do ponto de vista do que a cidade podia fazer, porque os Jogos Abertos são de cidade contra cidade. Depois, teve um cara que leu aquilo, que trabalhava na rádio da cidade e tinha um programa aos sábados, chamado “Esporte Amador é Notícia”. Porque eu falei de vôlei, basquete, ele me chamou para participar lá aos sábados. E aí, começou esta estória de jornal e rádio. E foi mais ou menos assim o início.

Rui: E como foi a entrada na Globo?

Luiz Roberto: A entrada na Globo começou muito lá atrás. Depois disso tudo que eu te contei, eu passei a trabalhar em rádio e fui dono de jornal, lá em São João da Boa Vista, jornal chamado “Sopção”. Tinha um sócio, majoritário por sinal, e depois a gente vendeu o jornal para um escritor da Rede Globo chamado Walter Negrão, que foi morar em Águas da Prata pertinho de São João da Boa Vista e quis ter um jornal lá e a gente vendeu pra ele. Naquele tempo, ainda era “linotipo”, já ouviu falar?

Rui: Não, nunca.

Luiz Roberto: Linotipos eram as máquinas que prensavam os jornais, davam um trabalho desgraçado. E o jornal saía duas vezes por semana, dava trabalho. Mas era prazeroso. Eu comecei a fazer rádio. Eu fui fazer um programa na hora do almoço, já nessa época de geral, um programa de música. Não existia FM naquele tempo, era tudo AM. As FM’s serviam ...

Rui: Como Música Clássica. Dessa época eu me lembro bem disso.

Luiz Roberto: E como links. Às vezes você usava FM para transmitir o sinal para o transmissor, depois veio o micro link e etc. Então eu comecei a fazer e parei na reportagem de esportes. Em São João da Boa Vista, naquele tempo, nós tínhamos dois times profissionais, em séries diferentes, divisões de acesso dos dois times. Comecei a fazer até que um dia o narrador sumiu, o cara virou gerente de banco. Me enganaram, me botaram pra narrar! Comecei a narrar e aí, fui pra Rádio Cultura de Santos, Rádio Gazeta de São Paulo, Rádio Record de São Paulo, depois Rádio Globo. E, nesse meio, sempre fazendo uma coisa ou outra de televisão. Manchete, Bandeirantes...

Rui: Que é um estilo totalmente diferente, não?

Luiz Roberto: Totalmente.

Rui: A gente vê isso. No rádio, é como se a gente tivesse que fazer aquela pessoa que está em casa imaginar o que está acontecendo. Você coloca até muito mais dramaticidade, não é? E emoção?

Luiz Roberto: Não sei se é emoção. Você cria a imagem. Tenta criar a imagem. E o rádio tem o hábito de preencher todos aqueles espaços, então você fala muito mais. É outro veículo, completamente diferente. E aí em 97, eu trabalhava na Espn Brasil e na Rádio Globo, e recebi um convite para trabalhar na TV Globo. E não era bem a minha vontade assim de trabalhar em televisão.

Rui: Você morava em São Paulo?

Luiz Roberto: Morava em São Paulo. E este convite era para eu morar no Rio. Aí eu topei. E vim morar no Rio. No começo de 98 deixei o rádio, passei a fazer só televisão, o que foi decisivo. Quem faz os dois veículos mistura muito e aí a televisão perde muito, porque a televisão muito falada enche o saco das pessoas, ninguém aguenta. Aí, comecei a minha carreira na Globo, na TV Globo, porque já eram onze anos de Rádio Globo. Quando eu fui pra Rádio Globo de São Paulo não era ainda Sistema Globo de Rádio, era tudo da Rede Globo.

Rui: Todo mundo tem uma paixão, mas quando você entra na sua profissão você tem que ser isento, quando você começou você tinha uma paixão maior por que time?

Luiz Roberto: Guarani de Campinas. O Guarani fez um time espetacular entre 76 e 78 e eu morava... A minha cidade é pertinho, a gente começou a ir aos jogos...

Rui: Mendonça...

Luiz Roberto: Não, o time anterior a este. Eu estou falando do time do Capitão, Renato, Careca, Zabumba, Ozo... Time campeão brasileiro. Tacou três no Vasco no Maracanã, três no Inter em Porto Alegre, foi passando atropelando todo mundo. E o time de 82, o time do Jorge Mendonça foi eliminado pelo Flamengo campeão mundial nas quartas do Brasileiro. Se não era o Flamengo, o Guarani ia ser campeão do mundo.

Rui: E como é que foi narrar uma Escola de samba? Como é que foi pra você este desafio?

Luiz Roberto: Qualquer cobertura que você vá fazer, seja na sua área, no caso esporte ou não, nós somos jornalistas; então a gente se prepara para aquilo. Claro que no caso do carnaval, eu soube meio em cima da hora, eu tive um mês para mergulhar na vida do samba, é muito pouco. Todos nós meio que acompanhamos de uma forma periférica, o que acontece com o carnaval, especialmente no caso do Rio, pelo encanto das Escolas e tal, mas o certo mesmo é você acompanhar o cotidiano. Mas aí foi super divertido, eu fiquei um mês ali, tipo quinze horas por dia, na cidade do samba, o que facilita muito a vida do jornalista porque está todo mundo concentrado num lugar só. Você imagina se fosse pra fazer como antigamente, que as Escolas ficavam em suas quadras, provavelmente você teria que fazer uma Escola, duas no máximo por dia?! E ali eu ficava o dia inteiro. Eu ia logo cedo para a Cidade do Samba e ficava até a hora do início dos ensaios à noite, porque as pessoas que vão desfilar ensaiam na Escola de Samba de noite porque todo mundo trabalha. Então foi um mergulho mesmo de maluco.

Rui: Gostou de fazer?

Luiz Roberto: Muito, muito. E só de conversa com carnavalesco, Nossa Senhora! Os caras não aguentam me ver durante uns seis meses, porque eles têm a alma do negócio com eles.

Rui: Nós temos um professor de História que também é carnavalesco.

Luiz Roberto: Eles são os artistas. Eles têm exatamente a concepção de tudo aquilo na cabeça. O que na verdade, pro caso da transmissão, é o mais importante, porque é o que as pessoas vão ver tudo. É ali que você decifra o que o cara vai botar na avenida e os porquês. Eu, como telespectador, o que me aflige assistindo o carnaval? Eu gostaria de entender o que eu estou vendo. Então, aquilo é um mergulho histórico no enredo. Qual é o papel de quem está fazendo a transmissão da televisão? É tentar decifrar a viagem do carnavalesco, na alegoria, na fantasia, nos adereços e transformar isso em palavras, poucas de preferência, para não encher o saco do cara que está do outro lado. Situar aquilo historicamente, porque não adianta nada você dizer: ”Isto aí está mostrando a Carlota Joaquina”, mas ta bom e quem foi a Carlota Joaquina? As pessoas não são obrigadas a saber. Então você tem o lado didático, no sentido de situar mesmo, não no sentido de querer saber mais do que ninguém, de pesquisa mesmo, então é mais ou menos por aí. A Beija-Flor este ano, por exemplo, fez os cinquenta anos de Brasília, claro que é uma liberdade poética do carnaval, então a comissão de carnaval da Beija-Flor, tentou encontrar relações com motivos que fossem interessantes do ponto de vista carnavalesco. E, descobriram lá uma cidade que aconteceu mais ou menos como Brasília. Foi construída, Akhenaton no Egito, mais ou menos no mesmo período de duração, nas mesmas concepções, porque tudo o que envolve o Egito é bonito de ser mostrado. Ou então, a lenda mesmo do Paranoá. Dizem que as águas do Paranoá vieram das lágrimas de Jaci, que era uma índia. Então, isso é muito legal, isso é uma lenda, enfim. Então, o cara tá em casa, tu tá falando de Brasília, de repente tem uma índia pelada enorme chorando na avenida, por quê? Qual foi a viagem do cara? É mais ou menos isso aí. É estudo mesmo, é preparação. Não tem por onde. É pesquisa, sim.

Rui: Porque você saiu da Edição da Rede SporTV? Foi em termos de promoção, por outra área...? Porque o programa era muito bem apresentado, não é por você estar aqui. Mas houve alguma mudança, teve alguma razão especial?

Luiz Roberto: Sim, teve, teve uma razão (digamos, assim, prática) porque Globo e SporTV são a mesma coisa, né. O Redação foi um projeto super legal, um desafio prazeroso...

Rui: È, você começou um projeto totalmente inovador, com Jornais de todo o Brasil, algo totalmente diferente.

Luiz Roberto: Sim, diferente. A gente foi buscar inspiração, em alguns programas americanos e tal, puxa! Foi muito gostoso porque o início do programa teve algumas figuras assim comigo “super legais”; o Marcelo Barreto que depois até virou apresentador, que naquele primeiro instante nem era apresentador, era mais chefe de reportagem, o próprio Alex Escobar, o Armando Nogueira, enfim, umas figuras. O Raul Quadros fez parte do início. A gente fez muito piloto, a gente pensou muito o programa e eu fiquei três anos e meio apresentando o programa já vai completar seis anos. Mas então chegou o momento em que a Globo, TV Globo, mudou a grade dela e passou a ter um Globo Esporte só, porque a Globo tem três edições diferentes do Globo Esporte, inteiras, São Paulo, Rio e Minas e os blocos locais. Quando passou a ter uma edição só, o bloco local passou a ser feito dentro do telejornal local, no caso do Rio, RJTV. O Redação, naquele momento em que a gente passou a fazer um bloco local no RJ TV, estava terminando meio-dia e o bloco local no RJ estava entrando meio-dia e dez, meio-dia e quinze em lugares diferentes. Impossível de chegar. Coube a mim esse desafio do bloco local no RJ e aí não dava para apresentar. Havia também um momento de reflexão sobre essa mistura dos narradores da TV Globo nos Programas do SporTV e enfim, ficou meio que uma junção de fatos e acabei tendo que deixar lá a apresentação.

Rui: E quanto à violência nos estádios, como você vê isso?

Luiz Roberto: Eu acho que a violência nos estádios não é do futebol. A violência nos Estádios, hoje em dia, até mais em torno dos estádios, a violência é das cidades brasileiras. Eu acho que não está mais afeito à crônica esportiva discutir a violência que envolve.

Rui: Isso está ligado mais à educação, que acho que é até uma coisa muito positiva, até falei isso para os jovens, como não usar palavrões, quando torcer. Fazer uma campanha como acho até que a Globo faz, você endossa muito isso, como são bonitas as músicas sem agressões, sem palavrões, o que você acha?

Luiz Roberto: Mais até sem linguagem de guerra, não é?

Rui: Isso.

Luiz Roberto: Sim, acho até que qualquer campanha que vise a diminuir o teor de violência seja na fala, seja nos atos, ela é bem-vinda. Mas eu estou convicto hoje em dia de que a violência, com o advento da grande enchente agora, a gente resgatou tantos documentários de 40 e 50 anos e temos tantos sambas maravilhosos da década de 50 que tratam que qualquer chuva enche, qualquer jogo no Maracanã tem arrastão, então esse problema que envolve a violência fora dos estádios, nos Estados Unidos, por exemplo, não tem tido mais briga porque está tudo filmado, o cara vai ser enquadrado. Então, é uma violência relativa à sociedade brasileira, às cidades brasileiras. Lamentavelmente nós somos, ao mesmo tempo, um povo pacífico e um povo violento. Um povo violento até por decorrência de falta de oportunidade, etc, que é uma outra discussão. O dia em que a gente tiver capacidade econômica de empregar todo mundo e tudo mais, e acho que está próximo disso, a gente vai ter uma diminuição. Mas acho que nós criamos guetos em determinadas regiões das nossas grandes cidades, em tornos dos estádios e que são guetos violentos. E essa “bandidagem” se aproveita mesmo disso e assalta e rouba e aí o time de futebol acaba sendo uma manifestação de paixão que envolve todos os setores. Você tem desde o doutor, o desembargador, que tem o time dele, até o marginal, que lamentavelmente é violento e tem o time dele. E, às vezes, revestido de fazer parte de uma facção qualquer de torcida organizada, ele vai lá e pratica a violência, assalta.

Rui: E usa o nome fictício de torcedor.

Luiz Roberto: Usa, usa o nome. Aquele não é torcedor, é um suposto digamos assim cidadão. Em São Paulo tivemos a experiência de acabarmos com as torcidas organizadas, diminuiu a violência dentro dos Estádios, mas não foi por causa do fim das organizadas, foi exatamente pelo aparato de câmeras e tudo mais. Aparato este, capaz de denunciar as pessoas, fez com que a violência dentro dos Estádios diminuísse. É muito difícil. Não é um tema do esporte este, certamente. É um tema que envolve a justiça mesmo, a sociedade brasileira.

Rui: Como é que você vê o Brasil para a Copa de 2014?

Luiz Roberto: Eu acho que o Brasil vai fazer uma excelente Copa, sim. A Copa do Mundo...

Rui: A nossa infraestrutura, como você vê?

Luiz Roberto: A gente vai ter infraestrutura voltada para Copa, nós não vamos resolver o problema das nossas cidades, longe disso. A Copa do Mundo tem um perfil. Por exemplo: a gente vai ter que ter um hospital de referência. No Rio é diferente, por causa do Centro de Imprensa. Mas nas cidades normais, as outras sedes, temos um Hospital de referência, no máximo dois, um número lá de leitos, não é? São Paulo, por exemplo, tem mais leitos que a África do Sul inteira então, se você quisesse faria a Copa só na cidade de São Paulo. Logo o problema é zero pra gente fazer isso. Aí se discute: “Olha, vão roubar!”, mas isso é outra coisa.

Rui: A gente tem que cobrar.

Luiz Roberto: Mas a gente não tem que cobrar só do futebol, a gente tem que cobrar no dia-a-dia. Quantas obras acontecem no dia-a-dia que passam bem distante dos olhos da Imprensa? Da mídia? Inúmeras. E, na verdade, a maior parte do PIB. Então, a infraestrutura, você pega uma cidade qualquer, eu digo no sentido aleatório: Natal, eles vão fazer um Estádio novo, é o Parque das Dunas, e aí você vai ter uma relação de vias ligando a rede hoteleira com os supostos CT’s, se é que a gente pode tratar assim. Na realidade, eles vão utilizar outros campos, o que vai ser bom porque nós temos no Brasil, cidade com alguns estádios, mais de um estádio. Então São Paulo, por exemplo, uma seleção qualquer pode treinar no Pacaembu, com toda a estrutura que o Pacaembu tem à disposição: sala de imprensa, Centro de Imprensa, você não precisa montar, tá pronto. E outros estádios... Na Grande São Paulo, a Arena Barueri simplesmente tem uma infraestrutura espetacular. Então, eu vejo tranquilo. Se vão roubar, é outra discussão. É uma discussão que tem a ver com polícia. Polícia é que vai fiscalizar isso aí, sem contar que a gente vai ter três estádios totalmente privados: o São Paulo, o Atlético Paranaense e o Internacional, que vão fazer os seus estádios com dinheiro próprio. E aí, a questão da infraestrutura que fica. É exatamente essa parte da cidade que está relacionada com a Copa do Mundo, não é a cidade toda que vai estar com a Copa do Mundo. Eu te dou um exemplo. Se você quiser cidades que estão cem por cento em condições de infraestrutura, você tem que fazer Copa do Mundo só na Europa, nos Estados Unidos, e no Japão. Nós não vamos fazer nunca. O futebol é de todo mundo, então o futebol tem que pagar este ônus meu amigo, de sair e ir para lugares que não são totalmente desenvolvidos e ponto. Como vai ser agora na África. Na Alemanha, uma das cidades pequenas, uma cidade de cento e poucos mil habitantes, o estádio que é uma joia, fica no alto de uma colina muito pequena, mas é uma joia. Esse estádio não tinha estrutura para receber tudo, o que aconteceu? Você estacionava o seu carro, ou sua van a 10 km do estádio, dependendo do que você tinha alugado para ir trabalhar, e aí tinha um ônibus da FIFA que levava o jornalista pro estádio. Então, a gente tem que ter um pouco de calma quando debruçar o olhar sobre isso porque dizer: “Ah! Não tem estacionamento”. O estacionamento para a Copa é algo específico para a Copa. Na época da Copa vão usar a UERJ para fazer o estacionamento e isso resolve o problema pra época da Copa. É a mesma coisa com a violência. Os “caras” vão encher a cidade com o exército, polícia e não vai ter violência nesse período. Quando acaba a Copa volta ao normal. Mas isso é assim em qualquer lugar. Fora os países desenvolvidos, que têm uma dinâmica de funcionamento parecida com o dia-a-dia. Nos Estados Unidos, por exemplo, na Copa do Mundo os “caras” não mexeram nos estádios. Eu me lembro que, quando eu cheguei aos Estados Unidos, eu desci em Dallas, que era o local do Centro de Imprensa, alugamos um carro e no meio do caminho, aparece um troço enorme branco, parecia um disco voador. A gente se perguntava o que era e disseram: Isto é o Estádio do Dallas Cowboys coberto. E nós perguntamos: Vai ter jogo da Copa? Responderam: Não, isto aqui não é Copa do Mundo, isto aqui não é pro bico da Copa do Mundo; falou assim mesmo, literalmente. Depois: “Copa do Mundo é um evento menor pra gente aqui. Os caras agora demoliram este estádio para fazer um outro coberto.” Porque é outra realidade econômica, de dinheiro, de tudo. Então, acho que a Copa do Mundo respeita muito esta questão de cada país. Já teve Copa do Mundo na Argentina em 1978, 78 é outro dia, não? A Copa do Mundo, por exemplo, na Itália em 90, a Itália recuperou vários estádios, a Itália não construiu estádios novos e você fez uma Copa do Mundo. Claro, a Itália é um país que está muito a frente do Brasil do ponto de vista de intraestrutura, mas acho que nós vamos fazer o que é bom para o Brasil.

Rui: Uma mensagem final para os nossos alunos e também uma pergunta particular para o Luiz Roberto. Qual foi a partida inesquecível para você, o gol mais emocionante em termos de, não só pelo lado profissional, mas que você tenha se deixado contagiar pela partida? Qual foi?

Luiz Roberto: É difícil, não, não tem não.

Rui: E uma partida mais triste?

Luiz Roberto: Aí não é uma partida, mas a corrida da morte do Ayrton Senna. Aí realmente, é de uma lembrança muito triste.

Rui: Você estava lá?

Luiz Roberto: Sim, eu estava lá.

Rui: Uma mensagem para o jovem, Luiz, para a gente fechar.

Luiz Roberto: É a nossa luta permanente pela cidadania, pela conquista da cidadania mesmo, na construção de um país melhor. Então, acho que este é o nosso desafio, cada um do seu jeito e para aqueles que querem ser jornalistas, que busquem através do estudo mesmo, o conhecimento e que tenham muita lealdade com o cidadão, porque o nosso compromisso é com o cidadão.

Rui: Obrigado! 

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